O
homem quer satisfazer seu único desejo com todas as mulheres.
A
mulher quer um único homem que satisfaça todos os desejos dela.
Ditado popular estadunidense
Hospital Santa Casa de Misericórdia, Porto Alegre, uma
e meia da madrugada.
Os estalos dos
saltos agulha nos corredores do hospital rompiam o silêncio da noite. À medida
que o som agudo aumentava, o doutor Gustavo Moraes sabia que em breve a porta
de seu consultório seria aberta.
– Mandou me chamar, doutor? – perguntou a enfermeira
Carine.
O doutor se levantou da cadeira e deu uma volta de 360
graus em torno da enfermeira. Os cabelos longos eram escuros, ondeados e, somados a sua pele branca, olhos verdes e um
corpo de medidas perfeitas, formavam um agradável conjunto que apetecia os
olhares masculinos. A ausência de constrangimento do doutor em admirar Carine
contrastava com a total indiferença dela, que alheia a expressão lasciva do
médico, permanecia de pé, com a postura elegante de uma candidata de concurso
de beleza e um sorriso que lembrava um anúncio de pasta de dente.
– Sim, Carine. Quero que você faça algo para mim –
respondeu o médico.
Não era a primeira vez que Gustavo Moraes se
encontrava naquela situação. Mas aqueles foram outros tempos, antes da
administração do hospital intervir. Ele sabia que não conseguiria o que
desejava de Carine, entretanto, o plantão médico pode ser muito solitário. O
desejo sexual de Gustavo era tão intenso que se sobrepunha a sua capacidade de
aceitar os fatos, dando-lhe uma ilusória faísca de esperança e impedindo o
doutor de aceitar o fato que desta vez, ao contrário das anteriores, não teria
aquilo que tanto desejava.
– Carine, quero que você tire a roupa e se deite na
mesa de exames – ordenou.
A enfermeira levou suas mãos até o botão no topo de
sua blusa, cujo decote expunha fartos seios, e quando tudo indicava que Carine
estava prestes a ficar nua, ela repentinamente afastou as mãos das roupas.
– Sinto muito. Não tenho permissão para executar esta
ação. Para maiores informações entre em contato com a administração. Obrigado –
disse Carine, com a face gélida e uma voz impessoal que nada lembrava o jeito
dócil da enfermeira momentos antes.
– Porcaria – esbravejou o doutor em voz alta. –
Maldita hora que a administração do hospital colocou essa droga de bloqueio nas
ginoides.
“Doutor Gustavo Moraes, apresente-se imediatamente a
sala de emergência”, era o aviso vindo da caixa de som em sua mesa,
interrompendo seu monólogo raivoso.
Rapidamente o doutor saiu de seu consultório,
acompanhado da ginoide modelo DDI-65. A chegada do doutor e de Carine à entrada
da sala de emergência coincidiu com a dos paramédicos que carregavam dois
homens em macas.
– O que aconteceu? – perguntou a um paramédico.
– Temos duas vítimas de espancamento.
A informação surpreendeu Gustavo Moraes. Sendo um
médico experiente em prontos-socorros, ele já havia atendido muitas vítimas de
acidentes de carro, e dado o estado dos homens nas macas, julgou que se tratava
de mais um caso de acidente automobilístico.
Um dos homens começou a ter uma convulsão. Os
paramédicos tentaram imobilizá-lo. Gustavo Moraes ordenou a Carine que
aplicasse uma injeção de fenobarbital enquanto examinava o paciente com o seu
aparelho de Raio-X portátil, constatando que o homem sofrera uma grave fratura
na região cervical.
No meio do caos do atendimento, o médico não percebeu
que havia, nas portas abertas da traseira da ambulância, estacionada perto da
entrada do hospital, que encontrava-se escancarada, uma sacola preta, de onde
podia-se ver longos cabelos loiros no qual do crânio destroçado saiam circuitos
quebrados e fios de todas as cores.
Condomínio Dorea Rocha, Porto Alegre, duas semanas
antes.
Da mira de sua espingarda Rodrigo observa o gueopardo
caminhar pela savana. Alguns metros a frente há um riacho. Uma zebra
tranquilamente beberica a água. O gueopardo aproxima-se. Um declive separa os
dois animais. Da extremidade alta do declive, o gueopardo acompanha os
movimentos de sua presa. O animal permanece imóvel. A zebra segue bebendo. O
gueopardo estica suas pernas esguias e joga seu corpo para trás. Rodrigo move
sua espingarda, ora para a esquerda, ora para a direita, tentando a todo custo
acompanhar os movimentos de ambos os animais. Aponta a espingarda para a
extremidade alta do declive. O gueopardo desapareceu. Ele quase não consegue
enxergar o animal descendo o declive, pois este move-se a uma velocidade
inacreditável. A zebra percebe o predador avançando e foge assustada. Uma
perseguição tem início na savana africana.
A zebra corre, corre, corre, mas o gueopardo, que ganha mais e mais
velocidade, dá passos cada vez maiores, e finalmente abocanha a garganta da
zebra em plena corrida. O animal se debate agonizado. Sangue e pedaços da zebra
escorrem pelos cantos da boca do gueopardo enquanto Rodrigo acompanha a cena
pela mira de sua espingarda. Seus músculos estão tensos. O dedo indicador suado
resvala no gatilho. Ele morde o lábio inferior. Respira fundo. Não tem certeza
se este é o melhor momento para atirar.
– Amor, a comida está na mesa – uma suave voz feminina
o informa, quebrando momentaneamente sua concentração.
– Já estou indo – responde Rodrigo.
Hora de tomar uma decisão, ou atira no gueopardo ou dá pause no jogo. Rodrigo detesta dar pause. Sempre considerou o pause uma forma de trapaça. Não há mais
dúvidas. O gatilho é apertado. O gueopardo cai morto por cima da falecida
zebra. O predador se torna presa. Rodrigo vibra com sua vitória.
Após algumas horas com o capacete de realidade virtual
na cabeça Rodrigo já esperava sentir uma leve dor no pescoço. Esses novos
modelos são mais leves que os modelos antigos, mas não importa a leveza, os
capacetes ainda assim possuem algum peso e esse tinha seu efeito na coluna de
jogadores compulsivos de Savana Assault.
No entanto, a dor no pescoço não era nada que uma massagem de Priscila não
amenizasse.
A visão da picanha assada no forno, acompanhada de
salada de batata com maionese que o aguardava, era uma obra digna de um
excelente chef de cozinha, e ele não podia esperar menos de Priscila,
que estava de costas na pia, lavando a louça, usando nada além de um avental.
Rodrigo gostava de saborear sua refeição observando as nádegas firmes e
salientes dela, enquanto a loira se ocupava com seus afazeres domésticos.
Ao terminar sua refeição, Rodrigo levanta da mesa e
coloca os braços em volta da cintura de Priscila. Ele coloca as mãos por dentro
do avental e começa a acariciar os seios nus, ao mesmo tempo em que pressiona
as nádegas dela contra sua virilha. Ela imediatamente larga os pratos, a
esponja e se vira para beija-lo.
A campainha toca uma vez. Rodrigo beija Priscila. A
campainha toca pela segunda vez. Rodrigo abaixa o avental de Priscila e
mordisca os bicos de seus seios. A campainha toca pela terceira vez. A
excitação sexual de Rodrigo esmorece.
Do outro lado da porta um rapaz franzino, com uma
sacola na mão direita, está prestes a tocar a campainha novamente, quando um
irritado Rodrigo abre a porta. Ao perceber quem é, o dono da casa adota um
semblante de camaradagem.
– Oi, Rodrigo. Tudo bem? – disse o jovem.
– Tudo ótimo, Adriano. Entra.
A diferença física entre os dois homens era gritante.
Rodrigo tinha ombros largos e um corpo rechonchudo. Seu queixo era quadrado e
sua voz possuía um marcante tom de barítono. Adriano por sua vez, era muito
menor, seus ombros eram pequenos e encolhidos. O queixo fino desaparecia atrás
de uma espessa barba que cobria seu rosto, e sua voz, que oscilava entre o
agudo e o médio agudo, lembrava a de uma criança recém-entrada na puberdade.
Rodrigo convida Adriano a se sentar, e da sala grita
para Priscila trazer uma cerveja ao amigo. Adriano diz que não é necessário,
mas mal termina de dizer tais palavras e lá está ela, seminua, a sua frente. Um
tanto constrangido Adriano aceita a bebida. Rodrigo não deixa de notar a forma
como seu amigo dispersa o olhar ao redor da sala, evitando encarar Priscila.
– Sabe, nunca vou entender o que você tem contra
ginoides – comentou Rodrigo.
– Não tenho nada contra ginoides. Apenas não acho que
seja normal um homem se relacionar com uma máquina.
– Agora você está parecendo aqueles fanáticos
religiosos ciberfóbicos, ou pior, aquelas doidas feministas que odeiam
ginoides.
– Não é isso. Acredite, não sou preconceituoso – disse
Adriano, em tom de desculpa. – É que eu não acho que ter uma namorada robô, ou
seja lá como você chame o tipo de relação que você tem com Priscila, seja
saudável. Quer dizer, você não sente falta de ter uma mulher real ao seu lado?
Alguém que também tenha sentimentos e compartilhe esses sentimentos com você?
– Mas Priscila tem sentimentos.
– Priscila não tem sentimentos. Ela é uma inteligência
artificial e tudo que ela possui são reações físicas programadas que simulam
emoções. Se ela ri é um programa, se ela chora é outro programa. Ela não é
capaz de sentir emoções.
– Como você pode afirmar com tanta certeza que
inteligências artificiais não possuem sentimentos?
– É o que os cientistas dizem.
– Os cientistas? O que sabem eles? Há muito tempo
atrás, século 19, se não me engano, você sabe que história não é meu forte, cientistas
diziam que era impossível ultrapassar a velocidade da luz. Sabia disso? –
Adriano recebeu a informação de Rodrigo com certa surpresa. – Se você quer
saber algo sobre ginoides é preciso conviver com elas. Convivo com ginoides
desde que eu era adolescente e afirmo que os sentimentos de Priscila são tão
verdadeiros como os meus e os seus.
– Mas mesmo que inteligências artificiais possuam
sentimentos, você não se sente incomodado em saber que uma máquina possa ter
afeto por você? A mim isso me causa calafrio, sinto muito se lhe ofendo, mas
estou sendo franco.
– Não me incomoda nem um pouco – respondeu Rodrigo. –
Para falar a verdade não me importo se Priscila tem sentimentos ou não, o que
importa é que eu tenho sentimentos por ela, e isso me basta.
– Então você admite que ginoides talvez não possuam
sentimentos?
– Sim, admito. É uma possibilidade.
– Suponha que eu esteja certo, suponha que
inteligências artificiais não possuam sentimentos. Nesse caso, se ginoides não
tem sentimentos, então quando uma ginoide diz “eu te amo”, por mais sentimento
que ela coloque na entonação nas palavras, por mais que seu rosto expresse
emoções e por mais sincero que pareça, não é verdadeiro. Isso não te incomoda?
– Você fala como se os seres humanos fossem sempre
sinceros. Diga-me, você acredita mesmo que casais humanos são sempre sinceros
quando dizem “eu te amo” um ao outro?
Os comentários de Rodrigo feriam Adriano não pela
acidez em si, mas pela possibilidade de que ele poderia estar certo. Não era
raro Adriano perguntar a si próprio se talvez ele não fosse ingênuo demais, e
por esta razão não enxergasse a realidade como de fato é.
Adriano decidiu
tentar uma abordagem diferente, e perguntou, com secura, a Rodrigo:
– Você ama
Priscila?
– Sim, eu a amo – respondeu de uma forma que Adriano
não soube dizer se suas palavras eram sinceras.
– Aposto que você devia amar também a modelo anterior
que você tinha. Como era mesmo o modelo? NHA-69 ou algo assim....
– NHA-59 – corrigiu Rodrigo.
– Mas mesmo assim você a vendeu e comprou esse modelo
novo. Como é mesmo o nome?
– RBL-73 – chamo todos os modelos de ginoides que eu
compro de Priscila porque gosto da sonoridade. Pris-ci-la, Pris-ci-la – repetiu
lentamente o nome, como se estivesse tendo um regozijo ao separar as sílabas.
– Isso, RBL-73, fazem tantos modelos diferentes que eu
esqueço os nomes. Mas, voltando a pergunta, como você pode dizer que ama
Priscila se basta lançarem um modelo novo para que você se desfaça dela? Como
você pode dizer que a ama se a trata como mercadoria?
– Eu digo que amo Priscila porque ela me faz feliz
tanto quanto minha antiga ginoide. E se lançarem no mercado uma ginoide que me
faça mais feliz que Priscila pode ter certeza que vou me desfazer dela. Amor é
isso, você ama pessoas pelo que elas podem fazer por você. Nada mais. Quantos
relacionamentos acabam porque uma das partes encontrou alguém que satisfaz
melhor suas necessidades? Quantos homens não trocam sua esposa por uma mulher
mais jovem? Quantas mulheres não abandonam seus maridos por homens mais ricos?
O que eu e outros ciberssexuais fazemos não é nem um pouco diferente. Homens e
mulheres se tratam como mercadorias o tempo todo. Se você vai me julgar, então
os julgue também.
– Mas isso não é amor – Adriano insistiu. – Amor é
quando duas pessoas se encontram, sentem uma atração especial uma pela outra e
querem ficar juntas. Você não pode ter esse sentimento com uma ginoide. E sabe
por quê? Ginoides são todas iguais. Elas não tem vontade própria, não tem
personalidade. Ginoides existem apenas para servir aos seus usuários. Duvido
que você seja capaz de dizer uma única característica que diferencie Priscila
de todos os modelos que você teve antes.
– Claro que posso dizer que havia características
diferentes entre um modelo e outro – respondeu Rodrigo, que pausou para tomar
um gole de cerveja. – Os modelos da série RBL-73 têm seios ajustáveis. Priscila
pode aumentar e diminuir o tamanho dos seios conforme o gosto do usuário.
Comprei Priscila porque o meu modelo antigo não tinha seios ajustáveis e, por
incrível que pareça, chega uma hora que enjoa transar sempre com uma mulher de
seios enormes. É bom variar e.....
– Falo de características como pessoa, Rodrigo.
– Como pessoa?
– É, do que elas gostam, o jeito como elas falam, o
que elas pensam, desejam. É disso que estou falando, dessa singularidade que
todo ser humano, e apenas humanos, possuem, que faz com que você queira se
relacionar com outra pessoa.
– Eu me “relaciono” muito bem com Priscila, se é que
você me entende – disse Rodrigo, numa tentativa de ser engraçado.
– Você entendeu o que eu quis dizer – falou Adriano,
decepcionado.
– Olha, Adriano, ao contrário do que você pensa,
Priscila tem uma personalidade. Eu sei, é uma personalidade moldada de acordo
com os gostos e desejos do usuário, mas ainda assim é uma personalidade, e
isso, no final das contas, é o que importa.
– Mas Priscila não é humana, ela não o ama de verdade!
– retrucou Adriano, quase estridente.
Adriano ficou constrangido por erguer o tom da sua voz
de forma tão aguda. Um certo receio, que Rodrigo não entendeu a razão,
transpareceu nos gestos de seu amigo, que levava a mão a boca e tossia. Adriano
tomou um demorado gole de cerveja e silenciou-se.
– Já que estamos falando em compra e venda de
ginoides, veja isso – Rodrigo retomou a conversa, ligando o computador.
Ele encostou gentilmente a mão em uma pasta na tela do
computador e a imagem de uma loira apareceu.
– Esse é o novo modelo SDA-79. Sabe quando eu falei
que é enjoativo transar sempre com uma mulher de seios grandes, e como às vezes
seios pequenos são bacanas? Transar com loiras também pode enjoar, e foi
pensando nisso que a Corporação Saiteki criou esse modelo. Vai ser lançado no
mercado daqui a alguns meses, mas já está a pré-venda.
Rodrigo deu um segundo toque na tela e a loira na
imagem aos poucos começou a se transformar. Seus cabelos lisos e dourados foram
substituídos por cabelos encaracolados e castanhos. Sua pele clara adquiria
gradativamente um tom marrom. Ao fim da transformação a loira na tela do computador
deu lugar a uma sensual mulata.
– Não é sensacional? – disse um empolgado Rodrigo a um
Adriano cujo olhar expressava uma mal disfarçada indignação perante a imagem na
tela. – Basta o usuário dar o comando que a SDA-79 se transforma de uma loira
em uma morena, ou em uma ruiva ou até mesmo uma mulata. Agora você pode ter
todas as mulheres que desejar numa única. A SDA-79 é o harém de uma mulher só.
Priscila entra na sala. A naturalidade com que ela
caminha seminua pelo apartamento deixa Adriano perplexo.
– Amor, me faça uma massagem – ordenou Rodrigo. – Já
encomendei a minha SDA-79. Deve chegar daqui a alguns meses. Quanto a Priscila
acho que consigo um bom preço por ela numa loja de ginoides usadas.
– Não fale assim na frente dela! – disse Adriano,
novamente com um timbre de voz agudo.
– Qual o problema? Não foi você quem disse agora a
pouco que ginoides são máquinas sem sentimentos? – retrucou Rodrigo, um pouco
irritado.
Adriano não respondeu. Enquanto a ginoide movimentava
seus dedos pelo pescoço de Rodrigo, que soltava pequenos gemidos de satisfação,
Adriano a contemplava e refletia sobre sua reação. Priscila era humana em todos
os aspectos pelo qual podia-se tomar por critério de julgamento. Não fosse o
comportamento subserviente, e a perfeição de seu corpo, somados a indiferença
com que a ginoide cumpria suas funções, era impossível distingui-la de uma
mulher humana. Adriano havia finalmente compreendido como era fácil se deixar enganar
pelas aparências e esquecer que Priscila era uma máquina.
– Bom, acabei me esquecendo a razão pela qual passei
aqui – falou Adriano, retirando um pacote de sua sacola, e entregando-o ao
amigo.
Rodrigo abriu o pacote e viu a torta de maçã.
– Fui eu quem fiz. Espero que goste – disse Adriano,
sorrindo.
Rodrigo apreciava a amizade de Adriano, mas não podia
deixar de estranhar os gestos de seu amigo. Não era a primeira vez que o
presenteava, e quando saíam juntos, Adriano sempre insistia em pagar a conta. A
ideia de que ele fosse homossexual cruzou a sua cabeça em mais de uma ocasião.
Isso explicaria tanto o jeito efeminado de seu amigo quanto a sua implicância
com as ginoides. No entanto, como Adriano nunca havia passado do ponto de fazer
meros agrados, Rodrigo não via razão para traçar um limite. Além disso, se
sentiria um hipócrita se deixasse de conviver com seu amigo por causa de sua
orientação sexual, sendo que o próprio Rodrigo, por causa de suas preferências
sexuais, também era vítima de preconceito.
– Adriano, meu irmão está na cidade. Ele veio visitar
meus pais e haverá uma janta na casa deles. Você não gostaria de ir?
– Sim, é claro – respondeu feliz. – Mas, por que você
quer que eu vá a uma reunião de sua família?
– Bem...sabe...meus pais são antiquados. Eles têm
aquela visão preconceituosa que ciberssexuais são pessoas doentes que não se
relacionam com ninguém e passam o tempo todo satisfazendo suas perversões
sexuais com ginoides. Se você for, mostrarei a meus pais que sou como todo
mundo, que tenho amigos e uma vida social, e que só porque optei por me
relacionar com uma máquina isso não me torna diferente de ninguém.
– Tudo bem, pode contar comigo, quando será o jantar?